sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fichamento comentado do artigo “A Liberdade em Dostoiévski” por Stefano Zurlo



Pg.2 – “Essas palavras são de capital importância: se nós não aceitamos mais a criação, somos obrigados a matar o pai, Deus, para reivindicar a nossa liberdade.”

Este trecho refere-se a uma passagem de “Os Irmãos Karamazov” de Dostoievski.
Aqui se encontra em primeira instância a morte de Deus que liga Dostoievski a Nietzsche acerca da questão do niilismo, pois para Nietzsche a morte de Deus é o fundamento do niilismo.
O homem que quer ser realmente livre deve perder o medo da morte, pois o homem criou Deus por causa desse medo. De forma que só com a inexistência de Deus esse medo pode se esvair e o homem enfim se sentir liberto de qualquer impedimento para suas vontades de poder.

Pg.2 - “A morte de Deus leva à abolição das regras, ao ‘tudo é permitido’. E o homem, aparentemente livre, mete-se num beco sem saída. Delimitado pelas fronteiras da tragédia humana e coletiva.”

O lado realista do niilismo pode ser lido nesse trecho. O que chamo de niilismo ativo, onde o homem renegando os valores metafísicos redireciona a sua força vital para a destruição da moral. No entanto, após essa destruição, tudo cai no vazio: a vida é desprovida de qualquer sentido, reina o absurdo e o niilista não pode ver outra alternativa senão esperar pela morte ou até mesmo provocá-la. Entretanto, esse final não é, para Nietzsche, o fim último do niilismo: no momento em que o homem nega os valores de Deus, deve aprender a ver-se como criador de valores e no momento em que entende que não há nada de eterno após a vida, deve aprender a ver a vida como um eterno retorno: sem isso o niilismo será sempre um ciclo incompleto.

Pg. 2 - “A liberdade como arbítrio é representada em ‘Os Demônios’ por Kirillov. Kirillov é um personagem extraordinário, que vive sob o signo da totalidade. Nega a Deus e, como conseqüência, afirma sua própria divindade, realizando assim a profecia de Feuerbach: homo homini deus (o homem é deus para o homem). E para demonstrar até o fim a sua força, Kirillov não hesita em realizar o gesto supremo, o suicídio, que desafia todos os limites e medos.”

Kirilov é o niilista em pessoa (ou em personagem) na obra “Os Demônios” de Dostoiévski. Como pode ser apreendido nesse trecho ele nega a Deus e se liberta dos medos metafísicos do além vida. Torna-se deus de si de forma que a vida não possui a moral cristã que enche o homem de grilhões. E ainda se rebela niilistamente dentro de si através do suicídio.

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