terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tipos mais universais da décadence

"Tipos mais universais da décadence:

1. (...)

2. Perde-se a força de resistência contra os estímulos, - fica-se condicionado pelos acasos: vulgarizam-se e exageram-se as vivências até o descomunal... Uma “despersonalização”, uma desagregação da vontade – aí está também toda uma espécie de moral, a altruísta, que tem na ponta da língua a compaixão: espécie na qual o essencial é a debilidade da personalidade, de modo que ela ressoa e vibra constantemente como uma corda superexcitada... uma extrema irritabilidade...

3. (...)

4. Anseia-se por um estado em que não mais se sofra: a vida é sentida realmente como motivo de males, - avaliam-se os estados inconscientes, insensíveis (sono, desmaio) como incomparavelmente melhores do que os conscientes; disso resulta uma metódica..." (Vontade de Poder, Nietzsche, pg. 45, fragmento 44)

Bom... Estava eu estudando para me inspirar sobre a monografia em mais um dia comum e me deparo com essa passagem em “Vontade de Poder”. Na verdade soou como uma passagem de algum livro sagrado que revela uma verdade ao espírito.
Quem não tem momentos depressivos em suas vidas? Quem não passa por momentos niilistas em que nada faz sentido? Pois estou nesse caso. Nada faz sentido. Todo o valor se perdeu. Estou em pleno estágio da décadence universal.
Em 2 ficou claro que a apatia, a fraqueza de estar sendo não consegue ir ao encontro dos estímulos de vida. Parece que há um bloqueio na realidade na qual a vontade fica presa sem conseguir se expor ou até mesmo sem conseguir pensar em motivos para existir.
Os acasos é que condicionam a vivência da pessoa, ela não mais cria ou demonstra a vontade de querer as coisas, de ser o que se é e está destinada a ser. A fraqueza da vontade de poder domina e se fica à mercê de uma realidade dominadora e sem sentido. A vontade de ser desaparece e a personalidade se enfraquece.
Já em 4 o tapa foi mais forte. Eu jamais imaginaria que poderia encontrar escrito em algum lugar essa forma de ser na qual estou vivendo. Pensei que era apenas um sintoma, uma debilidade existencial minha, mas não, é uma forma de décadence universal.
Antes já passei por fases em que o caráter do espírito era mais doente. Pelo fato de sofrer muito ao estar acordada, tomava calmantes ao despertar e logo em seguida voltava a dormir. Por isso penso que hoje passo por uma fase doente, sem dúvida, mas de caráter mais brando, pois os extremos estão descartados.
Basta estar consciente para sofrer as conseqüências de estar vivo. Qualquer acontecimento é motivo de tristeza ou desgosto. Tudo é indiferente. Nem um sorriso faz mais sentido. A realidade é motivo de sofrimento, um ser de angústia. A verdade sem ilusão de torpor. Aquela verdade que não tem graça alguma, que vomita a realidade de ser sem nenhum remorso de atormentar um filósofo qualquer.
Enfim... Mais uma fase de angústia na vida...