segunda-feira, 30 de junho de 2008

Dias Tristes

Só tenho os dias tristes a passarem

Um tempo do amor fez os sorrisos murcharem

A chuva da tarde chora por mim

As melancolias de uma vida doentia

A extremização da vida me faz ser poeta

Mas também me causa a dor de viver

Amar demais

Sofrer bem mais

Tenho que dar tempo às precipitações

Se o amor não me quer, que farei?

Morrer já desisti

Viver já me cansei

Oh, destino, que farei?

15/02/2005

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Today and Tomorrow

Eu não conseguia me mover
De um modo frio e silencioso
Eu me imaginava procurando por vc
Chamando-lhe
Pedindo-lhe que ficasse
Quase chegou a perceber por um momento
Que eu fizera aquilo
Que, completamente humilhada
Correra atrás
E tentara falar-lhe novamente
Sobre o destino
Que eu estava destinada a entrar em sua vida
Assim como The End foi escrita
E que de algum modo deveríamos subverter o destino
Tinhamos de triunfar apesar de tudo

E caindo nos devaneios
Sem chance de não cair
As garras escuras me puxaram
E estou aqui
Perdida nas trevas
Vendo a Luz

terça-feira, 10 de junho de 2008

Conto do Casarão


Em uma tarde fresca, estava eu entrando em um casarão com mais umas dez pessoas para passar uma noite, uma semana ou um mês. A aparência da casa era mórbida. Cômodos extremamente grandes, empoeirados e cheios de objetos curiosos.
Dois alojamentos separavam as meninas dos meninos. E tinham também os supervisores do local que colocavam ordem na parada.
Assim que entramos no casarão todos fomos conhecer os cômodos juntos, menos os supervisores. Lembro-me que no alojamento feminino tinha um guarda-roupa muito velho e eu fiquei curiosa para saber se tinha alguma coisa dentro. Assim que o abri senti o cheiro de coisas velhas mais forte do que no restante da casa. Abri as gavetas e haviam roupas. Mas o contraste está que as roupas estavam super novas e com cheiro bom. Eu e outras meninas começamos a olhar as roupas uma por uma e ver se ficavam legais em nós. Saias verdes de prega, roupas de seda escura etc.
Depois fomos conhecer o alojamento masculino e vimos que o quarto deles era bem maior que o nosso, mais arejado e no fundo do casarão (o nosso ficava na parte da frente). Nos parapeitos das enormes janelas com grades haviam pedras semi-preciosas, pedaços de ossos, frascos e mais coisas que não me recordo agora. Pensei se no alojamento feminino também haveria algo nas janelas.
O segundo andar do casarão era reservado aos superiores e a quem já estava lá há algum tempo. Os novatos deveriam permanecer somente na área térrea e nos arredores do casarão.
Depois de conhecer o térreo e nos ajeitarmos em nossos alojamentos fomos passear. Eu estava meio indisposta e fiquei sentada na varanda da frente da casa vendo a paisagem. Algumas pessoas também estavam lá e outras foram conhecer mais sobre o local. Era um fim de tarde como eu jamais havia visto. O ar fresco, a luz ocre, um horizonte de trigo sem fim, uma igreja.
De repente aparece um rapaz meio gordinho espantado com algo que havia encontrado. Eu e os outros fomos diretamente em direção a ele para ver o que era. Ele mostrou uma runa cortada em forma de triângulo. Não me lembro exatamente o desenho dela. Depois dos espasmos que todos tiveram de curiosidade, eu perguntei onde ele havia encontrado a runa e ele disse que haviam aos montes no cemitério atrás da igreja.


Sem pensar duas vezes, tomada de um extremo impulso fui em direção ao local que ele me indicou para encontrar mais runas. Já estava quase de noite, pouca claridade iluminava o céu. Passei na frente da igrejinha, algumas luzes estavam acesa, mas não havia ninguém lá. Mais adiante era o cemiério. Antes de poder visualizá-lo de forma clara, ví um grupo de pessoas mais velhas em um círculo completamente concentradas no que faziam. Não me viram.
O cemitério era o mais estranho que já ví. Havia um laguinho no meio dele e uma ponte clássica veneziana. Atravessei a ponte olhando para o lago e ví que também haviam cruzes dentro dele. Um morro também era parte do cemitério. Subi o morro de terra continuando a olhar o cemitério e seu chão, tentando encontrar alguma runa. Ao chegar ao cume do barranco até onde o cemitério se estendia, ví algumas runas mas elas estavam fora do meu alcance. Ao tentar mesmo assim pegá-las, ví um caixão negro semi-aberto. Algo estava dentro do caixão e quando me viu tentou se esconder com tremenda infelicidade, pois a tampa do caixão fez um rangido enorme, mas mesmo assim "a coisa" conseguiu se esconder. Eu continuei a olhar para esse caixão tentando ver alguma coisa, mas a visibilidade da luz do anoitecer estava indo de mal a pior. Foi aí que comecei a olhar para o chão próximo de mim e ví runas e crânios. Lindos, brancos, secos e limpos. Peguei algumas runas e um crânio. Saí dalí já meio assustada pensando que o lugar era mal assombrado e que a noite não seria nada tranqüila para os habitantes do casarão.
Enfim cheguei à varanda. Não havia ninguém mais por lá. Pensei que se algum supervisor me visse carregando um crânio eu estaria perdida ou acusada por qualquer coisa. Então coloquei o crânio e as runas no parapeito da janela do alojamento feminino, mas eu sabia que o crânio não iria passar pelas grades. Assim que me virei da janela para a varanda me deparei com um homem. Ele parecia nativo dali e me encarava de uma forma inexpressiva mas curiosa. Ficamos parados nos olhando por um minuto ou mais até ele se aproximar mais um pouco e eu não me mover, apavorada.
-Sabe de quem é o crânio que você profanou do cemitério?
-Não.
-É meu.
Como assim eu estava falando com um espírito?! Eu estava com medo, em posse do crânio dele, mas a coragem me tomou, aquilo parecia um teste, uma prova. Sem pensar, perguntei:
-Como foi que você morreu?
Ele demorou um pouco para responder, parecendo pensar em como responderia de uma forma que eu entendesse.
-Foi assim...
Uma faixa de fogo atravessou o ombro direito dele e o pescoço. Uma luz muito forte emanou do fogo e de repente a faixa se tornou negra como cinza. Ele a arrancou e continuou normal como estava, olhando pra mim, agora com um olhar piedoso.

Acordei.

(Deanne F. - 23/11/2007)

domingo, 8 de junho de 2008

Sinto muito!

No meio de todos
Sou apenas mais um
Acordando com o amor e a angústia.

Sinto muito!
Às vezes corro acorrentada
Não consigo me concentrar...
Nessa tarde não sonhei
Acordei com o sono que não dormi.
Sinto saudades do Voltaire...
Ele me fazia sorrir.
Escurece e eu fico assim
Com a alma escurecida.
Sentir dor sem sentir dor
Apenas dor...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Excerto do conto Eleonora, de Edgar Allan Poe.

"Os homens chamaram-me louco; mas ainda não está assente se a loucura é ou não a mais elevada das inteligências, se quase tudo o que é glória, se tudo o que é profundidade, não provém de uma doença do pensamento, de um modo de ser do espírito à custa do intelecto geral. Os que sonham de dia têm conhecimento de muitas coisas que escapam aos que só sonham de noite. Nas suas visões brumosas, captam foragidos da eternidade e estremecem, ao despertar, por verem que estiveram à beira do segredo. Captam pedaços de algo do conhecimento do Bem, a ainda mais da ciência do Mal. Sem leme e sem bússola, penetram no vasto oceano de luz inefável, como se para imitar os aventureiros do geógrafo núbio, agressi sunt Mare Tenebrarum, quid in eo esset exploraturi. Diremos, por conseguinte, que sou louco. Reconheço, pelo menos, que há duas condições distintas na minha existência espiritual: a condição de razão incontestavelmente lúcida, e a condição de sombra e de dúvida."

terça-feira, 3 de junho de 2008

Utopia de paz

Argumentar o que acontece, como acontece, e porque aconteceu não adianta nada, não muda.
Tentamos descobrir a maneira de mudar tudo para melhor mas, não é tão fácil como mudar um móvel de lugar na sala, não adianta só analisar o que é melhor pra você, porque tem que ser bom pra mim...
Difícil entender palavras jogadas no vento, às vezes não tem lógica nem sentido mas, se trata do dia-dia das pessoas, se trata de estarmos pensando que tudo ira se resolver sozinho, não estamos seguros, não estamos!
A vida passa diante de nossos olhos todos os dias, ao sair para o trabalho, ao sair para escola, nem nas nossas casas estamos seguros, estamos diante de balas perdidas, expostos a explosões, pisando em falso em cada passo, a verdade é que estamos duvidando do caminho certo.
Estou preso, amordaçado nesse mundo esperando que alguma coisa boa cresça mas, a única coisa que vem crescendo é o ódio, a ignorância e a injustiça.
Não adianta lei com tanta corrupção, não adianta falar com tantos gritos, não adianta chorar com tantas risadas... Às vezes pensamos que uma palavra só basta “Paz”, paz como grito, paz como gemido, paz como discurso paz... A “Paz” tem que ser usada com feitos, com suor, com trabalho. “Não estamos seguros assim!”

10/09/2003

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Repare como o insano dorme

Repare como o insano dorme

E sinta o cheiro do orvalho

Cada segundo deve ser apreciado

A vida pelas horas escorre

Queria tanto viver só à noite

E estar em estado semi-letárgico durante o sol

Que belo!

Que belo!

O vento, o frio, a brisa!

Que isso?

Encantada pela beleza da natureza?

Estranho...

Tantos acontecimentos...

Chego a compreender a confusão mental que se instalou

Compreender...

Uma ferida

Intra e extra

Corpórea

Para marcar a noite

Não se sentir só

Estando só

Devaneios psíquicos

E a vida ganha sentido

Quando acordo...

Quando acordo penso que morri

O dia começa belo

A morte parece agradável

Mas percebo que tudo não passa de sonho

Volto ao estado letárgico da vida

E caminho pelo campus...

A noite chega enfim

Meus olhos se sentem melhores

As trevas me acolhem

E os pensamentos sobre a realidade se afloram...

domingo, 1 de junho de 2008

O que resta ao poeta?

Por que, dor, você existe?

Por que, amor, você existe?

Eu seria tão feliz...

Mas chego em casa chorando

Por essa falta de retribuição amorosa

But the fool on the hill

Não queira, oh pobre humano

Sentir o que sinto

Se iludir por dois anos

E agora sofrer... sofrer... sofrer...

Querer um simples beijo

E sentir o não no rosto do amado

O que resta ao poeta?

Estudar...?

A cova...?

O Inferno...?


11/04/2005

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