sábado, 31 de maio de 2008

Ilusões

Por mais que nossas realidades sejam tomadas por ilusões

As fugas permanentes são quase impossíveis

Nossos olhos humanos vêem a vida através de sentimentos

E os seres adoram extremá-los

Poetas, músicos, artistas em geral

Iludem-se com personalidades deslocadas do mundo.

-Só queremos ser lidos e compreendidos!


18/03/2005

16:17

A Lagartixa


A lagartixa ao sol ardente vive,
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão dos teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sol a lagartixa.
Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.
Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores.
Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha;
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.

Álvarez de Azevedo


sexta-feira, 30 de maio de 2008

Psicose

Os fantasmas estão me perseguindo

Corro para todos os lados

Sempre olhando para trás

Como se não pudesse chorar

Quando sinto o cheiro da felicidade

Estou certa de que há algo errado

Sósias de inverno

Carapuças infernais

Olhares deslocados

Maldita vontade de chorar

Agonia natural

Ainda bem que o cansaço e o calmante estão em mim

Só faltava eu ser a reencarnação de Caim

Quem não agoniza é anormal

É hora de dormir

Esquecer as cicatrizes


07/05/2006 02:19


Vi um filme triste

Vivi um filme dramático

O DRAMA

A TRAMA

PSICOSE

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Filósofos inebriantes

Olho para o céu nublado

O tom rosa alivia minha paranóia

Penso muito em paixão

Pessoas inebriantes são perigosas

Mostram-nos a verdade

Mas se são os filósofos que costumam demonstrar a verdade

Então somos inebriantes principalmente

Sinto muito por ter sido escolhida pela Filosofia

Sofro

Verdades, paixões, paranóias

Muitos sentimentos para uma só pessoa

Mas pense e pense que acontece e acontece

(05/10/2006 – 01:27)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Tristes Corações

O que será de meus olhos que não conseguem enxergar?
O que será de minhas mãos que não conseguem tocar?

Ah... Ah...
Se eu pudesse voar...
Ah... Ah...
Se eu conseguisse amar...

O Romantismo é uma praga
Que se entranhou em mim

Olho os olhos desnorteados
As bocas com suas tristes expressões
O perdão dos tristes corações...

18/03/2005
01:40

Luz espiritual

O ódio que o toma

Oh, pobre!

Abandone-o!

Olhe para os lados

Atrás está por detrás

O passado alimenta seu ódio

Oh, pobre!

Não se deixe sofrer

Ao dormir e acordar

Pense na luz

Que a Terra emana

Abra seus poros

E deixe-a ultrapassar

Para te tocar

E vc poder sentir

Que o espiritual

É o principal.

domingo, 25 de maio de 2008

Alma

No decorrer da queda que a precipita num corpo, a alma atravessa sucessivamente todas as esferas celestes e adquire em cada uma delas as faculdades que exercerá uma vez encarnada: em Saturno, o raciocínio (ratiocinatio) e a inteligência (intelligentia); em Júpiter, a força de agir (vis agendi, ou praktikon); em Marte, a coragem (animositatis ardor); no Sol, a aptidão a sentir e a formar opniões (sentiend opnandique natura); em Vênus, os desejos (desiderii motus); em Mercúrio, a aptidão a exprimir o que concebe (hermeneutikon); na Lua, enfim, o poder de crescer e alimentar. Mais baixa das operações divinas, esta última é também a mais alta das operações corporais. A alma só a exerce à custa de uma espécie de suicídio, encerrando-se num corpo que se torna como que seu túmulo: sôma (corpo) = sêma (túmulo).

sábado, 24 de maio de 2008

Malditos poetas!


Novamente as lágrimas me fazem uma visita

O que será?

Solidão?

Saudade?

Apenas o manter de minha triste existência?


Não sinto as coisas boas que faço

Faço algo?


É tudo tão branco e vazio

Que as cores perderam seus sentidos


Não existe mais calmaria natural

A química tomou conta de tudo


Cadê você?

Preciso ser salva pelas dores boas

Preciso ser salva pela paz que é estar ao seu lado


Malditos poetas!

Não conseguem viver sem um mínimo de Dor na Alma...


21/01/2006

Noite

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Noites de altos céus

Noites de altos céus

Os loucos nos perseguem

Somos os sábios tristes

Estamos em um mundo insano

Temos um desafio:

Escolher nossa sina

Ficar à paisana do destino

Vivemos no meio de loucos

Querendo dizer tudo ao contrário

Descrevendo a morbidez

Contradizendo os morticínios

Andamos pelas ruas escuras

Fortalecendo a razão de achar que não “é”

28/02/2004, 10/01/2006

terça-feira, 20 de maio de 2008

Sentindo o presente

No sentido de sentir o presente
Declaro a satisfação que se faz
Podemos estar sós
Sentindo-nos felizes
Podemos inventar tantas maravilhas
Dar amplitude às existências
Expandir ao limite a razão
Não sejamos os tolos que dizem adeus
Desejo apenas que bradamos as revoluções
Apesar dos rostos tristes das ruas
Acredito na expressão oculta de amor
Por mais que a frieza esteja destinada a vencer
Meus impulsos fervorosos não deixarão de existir.

13/01/2005
21:27

domingo, 18 de maio de 2008

Lembrança de Morrer


Quando em meu peito rebentar-se a fibra

Que o espírito enlaça à dor vivente,

Não derramem por mim nenhuma lágrima

Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura

A flor do vale que adormece ao vento:

Não quero que uma nota de alegria

Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio

Do deserto, o poento caminheiro

__ Como as horas de um longo pesadelo

Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minha alma errante,

Onde fogo insensato a consumia:

Só levo uma saudade __ é desses tempos

Que assombrosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade __ é dessas sombras

Que eu sentia velar nas noites minhas...

De ti, ó minha mãe, pobre coitada

Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,

Poucos __ bem poucos __ e que não zombavam

Quando, em noites de febre endoidecido,

Minhas pálidas crenças duvidava.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,

Se um suspiro nos seios treme ainda

É pela virgem que sonhei... que nunca

Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora

Do pálido poeta deste flores...

Se viveu, foi por ti! E de esperança

Da vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,

Verei cristalizar-se o sonho amigo...

Ó minha virgem dos errantes sonhos,

Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário

Na floresta dos homens esquecida,

À sombra de uma cruz, e escrevam nela:

__ Foi poeta __ sonhou __ e amou na vida. __

Sombras do vale, noites da montanha

Que minha alma cantou e amava tanto,

Protegei o meu corpo abandonado,

E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d`aurora

E quando à meia-noite o céu repousa

Arvoredos do bosque, abri os ramos...

Deixai-me a lua prantear-me a lousa!

Álvares de Azevedo