terça-feira, 21 de abril de 2009

Nicolai Berdiaeff - "O Espírito de Dostoiévski"

"O individualiamo excessivo, o isolamento, a revolta contra a harmonia exterior do mundo são as primeiras manifestações do homem libertado. Desenvolve-se nele um amor próprio doentio que o faz descobrir regiões subjacentes de seu ser."

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fichamento comentado do artigo “A Liberdade em Dostoiévski” por Stefano Zurlo



Pg.2 – “Essas palavras são de capital importância: se nós não aceitamos mais a criação, somos obrigados a matar o pai, Deus, para reivindicar a nossa liberdade.”

Este trecho refere-se a uma passagem de “Os Irmãos Karamazov” de Dostoievski.
Aqui se encontra em primeira instância a morte de Deus que liga Dostoievski a Nietzsche acerca da questão do niilismo, pois para Nietzsche a morte de Deus é o fundamento do niilismo.
O homem que quer ser realmente livre deve perder o medo da morte, pois o homem criou Deus por causa desse medo. De forma que só com a inexistência de Deus esse medo pode se esvair e o homem enfim se sentir liberto de qualquer impedimento para suas vontades de poder.

Pg.2 - “A morte de Deus leva à abolição das regras, ao ‘tudo é permitido’. E o homem, aparentemente livre, mete-se num beco sem saída. Delimitado pelas fronteiras da tragédia humana e coletiva.”

O lado realista do niilismo pode ser lido nesse trecho. O que chamo de niilismo ativo, onde o homem renegando os valores metafísicos redireciona a sua força vital para a destruição da moral. No entanto, após essa destruição, tudo cai no vazio: a vida é desprovida de qualquer sentido, reina o absurdo e o niilista não pode ver outra alternativa senão esperar pela morte ou até mesmo provocá-la. Entretanto, esse final não é, para Nietzsche, o fim último do niilismo: no momento em que o homem nega os valores de Deus, deve aprender a ver-se como criador de valores e no momento em que entende que não há nada de eterno após a vida, deve aprender a ver a vida como um eterno retorno: sem isso o niilismo será sempre um ciclo incompleto.

Pg. 2 - “A liberdade como arbítrio é representada em ‘Os Demônios’ por Kirillov. Kirillov é um personagem extraordinário, que vive sob o signo da totalidade. Nega a Deus e, como conseqüência, afirma sua própria divindade, realizando assim a profecia de Feuerbach: homo homini deus (o homem é deus para o homem). E para demonstrar até o fim a sua força, Kirillov não hesita em realizar o gesto supremo, o suicídio, que desafia todos os limites e medos.”

Kirilov é o niilista em pessoa (ou em personagem) na obra “Os Demônios” de Dostoiévski. Como pode ser apreendido nesse trecho ele nega a Deus e se liberta dos medos metafísicos do além vida. Torna-se deus de si de forma que a vida não possui a moral cristã que enche o homem de grilhões. E ainda se rebela niilistamente dentro de si através do suicídio.

Fenomenalismo


Em epistemologia, o fenomenalismo, denominado também fenomenismo, é a concepção, segundo a qual somente podemos conhecer os fenômenos, mas não o próprio ente (a coisa em si). Se se nega completamente a existência de coisas, o termo "fenômeno" (o que aparece) perde propriamente seu sentido, pois que, em tal hipótese, nada há que "apareça". Neste caso, é preferível falar de idealismo (empirista). Portanto, o fenomenalismo propriamente dito, exige, em oposição ao idealismo epistemológico, a existência de coisas independentes do pensamento, contudo permanece sendo incognoscível para nós o que elas são em si. Por esta última característica, o fenomenalismo distingüe-se do realismo.

Nossa consciência recebe impressões provenientes das coisas, nas quais estas nos aparecem em conformidade com a peculiaridade do sujeito, e tais impressões passivamente recebidas são o objeto de nosso conhecimento. Isto diferencia o fenomenalismo tanto do realismo quanto do idealismo propriamente dito (não puramente empírico), segundo o qual o objeto é produzido ativamente pelo pensamento. Como o fenômeno pode ser diferente, consoante a peculiaridade do sujeito, e no fenomenalismo é "verdadeiro" o que aparece conseqüentemente o fenomenalismo é uma forma de relativismo. Muitas vezes, o fenomenalismo restringe-se só ao conhecimento do mundo exterior, conservando para o mundo interior da consciência a concepção realista do conhecimento. Em todo caso, o fenomenalismo circunscrito ao conhecimento do mundo externo refuta-se com os mesmos argumentos que servem para demonstrar a cognoscibilidade deste.

O fenomenalismo não pode ser confundido com fenomenologia. A fenomenologia, diferentemente do fenomenalismo, examina a relação entre a consciência e o Ser. Para o Fenomenalismo, tudo que existe são as sensações ou possibilidades permanentes de sensações, que é aquilo a que chamam fenômeno. É materialista. O fenomenólogo, diferentemente do fenomenalista, precisa prestar atenção cuidadosa ao que ocorre nos atos da consciência, que são o que ele chama fenômeno.

Enfim, o fenomenalismo é o conceito de que os objetos físicos não existem como coisas em si, mas apenas como fenômenos perceptuais ou estímulos sensoriais (por exemplo: vermelhidão, dureza, maciez, doçura etc.) situados no tempo e no espaço. O fenomenalismo reduz o discurso sobre objetos físicos existentes no mundo exterior ao discurso sobre os dados dos sentidos.